O Marido Malvado - Capítulo 03
A família Elrod fez fortuna inicialmente por meio da usura¹, usando sua riqueza acumulada para adquirir títulos de nobreza, consolidando assim sua posição social.
Durante o reinado do avô de Eileen, a rica e prestigiosa família entrou em declínio.
O pai de Eileen estava na raiz de tudo.
Apesar de sua notória imprudência, ele era o único herdeiro legítimo da família. Quando o avô de Eileen morreu e seu pai assumiu o título de Barão Elrod, uma cadeia de eventos trágicos começou.
Sem ninguém para desafiá-lo, o novo Barão correu solto e fez o que quis. Sua família caiu em ruína depois que ele jogou fora toda sua fortuna.
A última esperança da família Elrod estava com a mãe de Eileen, que implorou incansavelmente por apoio aos pais. Ela vendeu propriedades para pagar dívidas, mas mesmo após terem reduzido para uma modesta casa de tijolos, o pai de Eileen continuou a se afogar em álcool e jogos de azar.
O declínio da família culminou durante os estudos universitários de Eileen em botânica e farmacologia. Eileen correu para casa após receber uma carta angustiante de sua mãe, apenas para descobrir que a situação deles já havia saído do controle.
Incapaz de pagar a mensalidade de Eileen e lutando para colocar comida na mesa, a família foi forçada a vender seu único bem restante, a casa de tijolos. Apesar dos grande esforço de Eileen e sua mãe para mantê-la, eles se viram lutando uma batalha perdida.
Em meio ao desespero, o pai de Eileen mencionou Cesare casualmente.
‘Só peça ajuda a ele. Por que você está tão hesitante?’
Sua mãe olhava feio toda vez que ele dizia isso.
‘Você por acaso quer pela morrer?!’
Cesare estava ciente da situação dos Elrods. Ele sutilmente perguntou se Eileen precisava de ajuda financeira. A garota sempre recusava, insistindo que eles estavam bem.
Mas sua razão era diferente de sua mãe. Eileen não tinha medo de sua paixão. Ela simplesmente não queria parecer miserável na frente do homem. E ainda assim, houve um momento em que ela foi forçada a procurar ajuda.
O pai de Eileen foi a raiz da causa.
‘Eu não tinha o dinheiro nem para pagar o funeral da minha mãe.’
Talvez ela tivesse morrido no mesmo dia que sua mãe se não fosse por Cesare.
O dia em que sua mãe faleceu…
Após juntar cada centavo que tinha, ela o enviou ao médico, que confirmou a morte da mãe. Depois disso, tudo o que restou foi uma única e solitária casa.
A garota não tinha ideia de quanto tempo ficou sentada ali sozinha ao lado do corpo da mãe. Em algum momento, Eileen se levantou e foi até o Palácio Imperial. Ela não tinha dinheiro suficiente para alugar uma carruagem, então vagou sem rumo até que encontrou Cesare por acaso.
Vestido com trajes de caça, o homem parecia ter retornado de uma caçada. Assim que Cesare notou o estado lamentável de Eileen, percebeu que sua velha babá havia morrido.
— Eileen Elrod.
Eileen ficou em posição de sentido ao ouvir seu nome completo. Cesare não era muito de consolo. No entanto, ele decidiu ser seu pilar de força à sua maneira.
— Se recomponha. Onde está o testamento da Baronesa Elrod?
Cesare foi o primeiro a receber o testamento. Ele não enxugou as lágrimas de Eileen até entregar os papéis ao advogado dela, longe das garras gananciosas do Barão Elrod. Eileen murmurou distraidamente, segurando o lenço que Cesare lhe dera.
— Tenho um funeral para fazer…
— Eileen?
— Mas eu não tenho dinheiro…
‘Preciso de dinheiro… Por favor, me empreste. Sinto muito mesmo. Definitivamente vou te pagar de volta.’
Eileen não conseguia se lembrar do que Cesare havia dito em resposta. Durante esse tempo, ela estava quase totalmente fora de si. Incapaz de lidar com sua dor, ela finalmente perdeu a consciência. O funeral já havia terminado quando ela recuperou a consciência.
No cemitério mais opulento da capital, lírios cercavam o túmulo da sua mãe. Eles eram a flor favorita da Baronesa quando ela estava viva.
Eileen tentou pagar as despesas do funeral, mas Cesare recusou, alegando que era seu último presente para sua falecida babá.
— ……
Eileen não conseguia parar de relembrar. A proposta inesperada e o beijo provocaram uma onda de pensamentos em sua mente, fazendo sua tentativa de ler parecer patética. Ela suspirou e largou o livro antes de se levantar da cadeira e se aproximar do espelho.
A mulher refletida era feia, cabelos castanhos desgrenhados e bagunçados, franja que cobria metade dos olhos, óculos grandes e roupas largas que não revelavam nada de seu corpo.
As damas da sociedade estavam sempre imaculadas. Maquiagem e cabelo bem cuidado eram um dado adquirido. Elas usavam vestidos que acentuavam suas cinturas finas, ombros e braços expostos. Ao contrário de Eileen, que só se interessava por plantas, elas eram bem versadas em uma variedade de assuntos, incluindo dança e etiqueta.
Havia tantas mulheres por aí que eram tão bonitas quanto as flores. No entanto, alguém tão tradicional quanto Eileen estava prestes a se tornar a Arquiduquesa. Era uma vergonha completa para a reputação de Cesare. Ela não podia trazer tamanha vergonha para alguém que era mais do que um simples benfeitor para ela.
Como ela poderia evitar a execução e não se casar ao mesmo tempo?
Depois de pensar em como persuadir Cesare, ela se sentiu desconfortável e abriu a porta do quarto. A casa estava silenciosa.
O pai dela ainda não havia retornado.
Embora fosse comum ele não voltar para casa depois de jogar ou beber, hoje foi diferente.
‘Meu pai deve ter ouvido que o Arco do Triunfo foi aprovado.’
Naquela manhã, ela viu seu pai com um sorriso. Ele provavelmente ouviu a notícia antes de Eileen.
Ela perguntou a si mesma se o pai tinha saído para encontrar Cesare e se envolver em conversas sem sentido. Então decidiu que confrontaria o pai quando retornasse. Por enquanto, ela havia decidido dormir cedo.
Mas seu pai não retornou no dia seguinte. Uma semana depois se passou, Eileen permaneceu sozinha.
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Só podia ser uma de duas coisas. Ou ele estava morto, ou de alguma forma adquiriu algum dinheiro e entrou numa onda de apostas.
Não havia rumores sobre sua morte, então era provavelmente o último. Só havia um lugar onde ele poderia ter ido para perder seu dinheiro.
— Acho que ele foi ver Sua Graça, afinal.
Cesare nunca foi amigável com seu pai, vendo-o como um estranho. Ela sabia que se Cesare lhe dera dinheiro, deveria ter recebido algo em troca. Mas ela não tinha ideia do que seu pai poderia ter oferecido.
Ela tinha que encontrar o pai, devolver o dinheiro e persuadi-lo a nunca mais fazer tal coisa. Então ela saiu na busca para encontrar o antro de jogo que seu pai frequentava.
— Olá, rapazinho. Entre! É sua primeira vez aqui?
— Você é tão fofo. Quer se divertir com a irmãzinha?
Eileen só conseguia olhar fixamente para a cena diante dela. O antro de jogo não estava à vista, e ela estava cercada por mulheres com seios parcialmente expostos, rindo e provocando-a sem piedade.
Tudo isso aconteceu porque Eileen tinha medo de andar sozinha pelas ruas à noite. Então ela se disfarçou de homem, embora mal. Ela queria perguntar onde ficava a casa de jogo, mas tinha medo de que sua voz denunciasse seu disfarce.
Eileen correu para frente, sem saber para onde olhar. As mulheres de xales vermelhos caíam na risada sempre que viam alguém desconfortável. Ela sentiu vontade de fugir quando elas esticaram os braços para agarrá-la.
Foi então que um homem apareceu no campo de visão de Eileen. Ele parecia um mafioso, encostado na parede da loja, fumando um cigarro.
Continua…