O Marido Malvado - Capítulo 02
Uma proposta de casamento sem buquê ou anel era realmente irrealista. Eileen esperava ter ouvido mal, ou que fosse algum tipo de piada cruel.
Mas a audição de Eileen estava perfeitamente normal, e Cesare não era do tipo que brincava com coisas assim.
Então, por que fazer isso?
Sua mente dando voltas com inúmeras perguntas, a deixando tonta e sobrecarregada. Eileen fez uma pausa, respirando fundo e lentamente para se firmar. Ao expirar, ela lutou para recuperar a compostura antes de finalmente responder.
— E-eu não quero me casar com você, Vossa Graça.
Ele perguntou docemente, com um sorriso inabalável.
— Você prefere ter sua cabeça cortada na guilhotina do que se casar comigo?
— Eu não disse i-isso!
Sua garganta bloqueou de medo. No entanto, reunindo cada grama de coragem, ela empurrou para além da sensação paralisante e falou as palavras com as quais estava lutando.
— Você nem gosta de mim, Vossa Graça. Você simplesmente me considera uma criança.
— Isso é verdade. Você é minha garotinha.
Seu coração afundou ao ouvir as palavras que definiram o relacionamento deles. Ele foi tão franco, como se estivesse apenas afirmando a verdade inegável.
— É exatamente por isso que me incomoda. Vossa Graça precisará de um sucessor, e, inevitavelmente, tais responsabilidades recairiam sobre mim.
Eileen mordeu o lábio e falou com a voz trêmula.
— E… Você não conseguirá fazer isso comigo.
Cesare agarrou a nuca de Eileen. Ele virou a cabeça dela para o lado antes de lhe dar um beijo profundo. Eileen ficou tão surpresa quando o pedaço macio de carne forçou seu caminho para dentro de sua boca. Ela tentou desesperadamente empurrá-lo para longe.
Seus lábios se separaram com um som molhado. O coração de Eileen batia forte em seu peito com tanta intensidade, parecia que explodiria nesse momento. Olhou para Cesare, tremendo de apreensão, suas emoções rodopiavam em uma tempestade tumultuada de confusão e constrangimento.
O sorriso do homem não mais enfeitava aqueles lábios. Apenas o profundo olhar carmesim permaneceu.
— Como foi?
Ele perguntou com a voz embargada.
— Você gostou?
******
Eles se conheceram quando Eileen tinha dez anos e Cesare dezessete.
Eileen ocasionalmente visitava o Palácio Imperial com sua mãe, que servia como babá do Príncipe.
Eileen era curiosa quando criança, então explorava o Jardim Imperial sempre que tinha a chance. Geralmente era conduzida por sua mãe de mãos dadas. Mas um dia, enquanto sua mãe estava preocupada com seus afazeres, Eileen ficou encantada por uma borboleta. Ela perseguiu a pequena coisa e eventualmente se perdeu.
Vagou sozinha pelo vasto jardim por um tempo e, quando estava prestes a desmaiar de exaustão, encontrou Cesare.
— Ah-!
Ela ficou tão feliz por finalmente encontrar um adulto que começou a chorar. Eileen correu até Cesare e o abraçou. Aninhada em seu peito largo, ela soluçou baixinho antes de tardiamente limpar o nariz, olhando para o “adulto” que a segurava.
A luz do sol no início do verão brilhava sobre o belo rapaz, e Eileen ficou deslumbrada. Aqueles olhos vibrantes a lembravam de flores de papoula. Eileen ficou chocada por ter esquecido por que havia chorado.
Espiando atrás do rapaz, ela meio que esperava ver algumas asas brancas. Ele parecia angelical demais para ser apenas um humano. Ficou desapontada ao encontrar apenas outros adultos acompanhando esse ‘adulto’ mais jovem.
Ao contrário de Eileen, que não tinha ideia de quem eram essas pessoas, Cesare reconheceu a menina chorando como a filha mais nova de sua babá. Ele sorriu com um leve movimento dos lábios.
— Você deve ser a Lily.
(N/T: Lily significa lírio.)
Somente sua mãe chamava Eileen por esse apelido. Cesare arrancou uma flor de lírio que estava florescendo ali perto e entregou para a garota de olhos arregalados. Ele então a levantou e envolveu como uma princesa em seus braços e, pessoalmente, devolveu a garota para sua mãe.
Eileen foi repreendida duramente naquele dia, mas ela não ficou chateada com isso. Na verdade, ela simplesmente sorriu brilhantemente enquanto olhava para o vaso com lírios lindamente selecionados.
Antes de ir para a cama, ela documentou meticulosamente seu encontro com o anjo no Palácio Imperial em seu diário.
‘Espero vê-lo novamente na próxima vez que eu visitar o palácio.’
Cesare ocasionalmente conferia com sua babá para ver como Eileen estava. Nesses momentos, Eileen podia encontrar Cesare. Era uma alegria absoluta para a jovem Eileen.
A menina se sentava com o rapaz e tomavam chá da tarde juntos. Eileen geralmente era quem conduzia todas as conversas.
Diferentemente de outras crianças de sua idade, Eileen só se interessava por plantas. Cesare ouvia pacientemente enquanto a jovem divagava sobre várias flores. Não importava o quão chato e desinteressante fosse, ele nunca interrompia.
Foi assim que o relacionamento deles começou e permanece inalterado até hoje.
‘Eu acreditava que ele era um anjo e não o diabo.’
Apesar de ser uma criança, ela possuía uma mente afiada. Naquela época, Cesare havia se tornado um soldado experiente com vasta experiência no campo de batalha. Ele exalava uma aura que fazia com que pessoas comuns hesitassem em se aproximar dele.
Ela corajosamente correu para os braços de alguém tão bonito, mas frio como uma espada bem forjada, e abandonou todos os outros adultos restantes.
— Lotan veio te escoltar.
Assim, o dia de hoje teria sido diferente.
Eileen saiu da pousada atordoada. Lá fora, um veículo preto caro a esperava, parecia deslocado na estrada bem usada. E Lotan apoiou Eileen, que estava instável em seus pés, e a ajudou a entrar no carro.
— Senhorita Eileen, eu vou escoltá-la de volta.
Ele a sentou antes de fechar a porta. Com isso, o soldado no banco do motorista agarrou o volante.
Lotan normalmente ocuparia o assento do passageiro ao lado do motorista. Desta vez, ele estava ao lado de Eileen, passando-lhe casualmente um lenço e doces sabor limão.
— ……
O homem ainda a tratava assim porque ela chorou quando se conheceram? Os cavaleiros de Cesare imitavam a tendência de seu mestre de tratá-la como um bebê chorão, uma criança.
Eileen era agora uma adulta completamente crescida, e não chorava facilmente. Porém os doces, no entanto… Ela admitiria comê-los frequentemente.
Ela não podia recusar a gentileza de Lotan, então relutantemente aceitou e colocou-os em seu colo. E finalmente relatou o que tinha acontecido anteriormente.
— Senhor Lotan… Sua Graça me pediu em casamento.
— Eu sei.
A reação dele foi muito indiferente. Eileen agarrou o lenço e os doces com força. Incapaz de trazer à tona o beijo, ela enfatizou a proposta em si.
— Então você sabia sobre a proposta?
Lotan arqueou uma sobrancelha grossa, como se não tivesse nada a contribuir. Ele nem piscou para a proposta de Sua Graça à mulher que ele havia considerado uma criança pelos dez anos anteriores.
— Você não parece surpreso.
— Não é óbvio? Eileen, você teria sido sentenciada à morte.
Lotan apresentou seu argumento em um tom muito racional.
— Estamos em uma situação na qual precisamos salvar a senhorita de alguma forma. Já que Sua Graça requer uma arquiduquesa, ele simplesmente escolheu o método mais eficiente.
— Um método eficiente…
Apesar de seu murmúrio estupefato, a expressão de Lotan permaneceu inalterada. Eileen parecia ser a única que achava essa situação absurda.
Eileen refletiu brevemente sobre a “proposta de casamento” que havia recebido anteriormente.
Ela deveria ser executada ou se casar.
Não parecia ser uma grande escolha. As motivações de Cesare eram um tanto compreensíveis.
Dentro do império, a família de Eileen era considerada nobres inferiores. Eles não tinham nada — nem dinheiro, poder, honra — mas esse era o status deles.
A existência da família Elrod não fornecia nenhum benefício ao arquiduque. No entanto, se Eileen fosse executada por delitos relacionados a drogas, Cesare sofreria humilhação. Os aristocratas da oposição aproveitariam qualquer oportunidade para manchar sua reputação.
O homem parecia ter a intenção de desviar a atenção das pessoas com o tópico quente da cerimônia da vitória e do casamento do arquiduque, ao mesmo tempo em que apagava completamente qualquer evidência das ações de Eileen.
Não poderia ter sido calculado puramente por razões políticas. Cesare considerava Eileen uma aliada confiável. Embora ela não viesse de uma família que pudesse lhe dar poder por meio do casamento, ela era alguém que não o apunhalaria pelas costas, literal ou figurativamente.
A confiança de Cesare em Eileen vinha inteiramente de sua mãe.
Eileen nem sempre foi a filha mais velha da família Elrod. Quando a mãe de Eileen deu à luz seu primeiro filho, o bebê morreu logo depois.
Depois disso, ela se mudou para o Palácio Imperial e se tornou sua babá. A mãe sabia que era seu destino no momento em que viu Cesare. Sua mãe reverenciava o príncipe como se ele fosse uma criança enviada a ela por Deus.
Na verdade, parecia ridículo ter uma mãe que perdeu seu filho como ama de leite do novo príncipe.
A razão pela qual a mãe de Eileen foi escolhida era óbvia. Isso significava que Cesare era um príncipe abandonado.
O falecido imperador teve um número excessivo de filhos. Só o número de filhos oficialmente reconhecidos ultrapassou uma dúzia. Cesare, que também nasceu fora do casamento, foi rejeitado por todos.
Para sobreviver, Cesare teve que trair e ser traído muitas vezes. (╥﹏╥)
Durante todo esse ciclo sem fim, a mãe de Eileen permaneceu firmemente leal a Cesare até o dia em que morreu.
Ela era uma das poucas pessoas em quem Cesare confiava completamente.
Graças a ela, sua filha Eileen também encontrou refúgio em seu círculo de confiança.
Dadas as circunstâncias, o casamento com o arquiduque era vantajoso para ambas as partes, independentemente de quão drástico fosse. Na verdade, beneficiária Eileen mais do que lhe custou.
‘Talvez ficará tudo bem se eu simplesmente aceitar a proposta.’
Afinal, Cesare não era mais um príncipe abandonado. Ele era um arquiduque, que tem o Imperador como seu irmão mais velho e centenas de milhares de soldados servindo sob seu comando. Ele também é um herói que salvou o país e agora detém o Arco do Triunfo.
Ficar noiva de um homem assim era algo a ser comemorado. Eileen, por outro lado, lutava para aceitar isso.
Ela sabia que ele possuía um temperamento cruel e era incapaz de amar alguém.
Para Cesare, beijos e noivados não tinham significado emocional. Ele a pediu em casamento por necessidade e a beijou apenas para garantir a Eileen que eles poderiam consumar o casamento.
Ele teria feito o mesmo se seus planos tivessem necessitado de qualquer outra mulher. Esse fato era doloroso demais para Eileen suportar.
Porque Eileen…
‘Porque eu o amo.’
…Ela secretamente abrigou sentimentos por Cesare por muito tempo.
******
Ela não queria que seu amor não correspondido se tornasse superficial. Em vez de se tornar uma casca vazia de casal, ela preferia observar seu amor à distância, ouvindo falar dele pelos jornais.
Uma pontada aguda perfurou seu coração, lançando uma sombra sobre o rosto de Eileen. A voz de Lotan suavizou-se enquanto ele falava.
— Mesmo que isso te desagrade, não há outra opção. Então, por que correr o risco? Sem Sua Graça, você teria enfrentado a guilhotina.
O que Lotan disse não foi um exagero. Se alguém além de Cesare tivesse descoberto Eileen primeiro, ela teria sido executada sem hesitação.
Eileen, brincando com o doce e o lenço no colo, murmurou sombriamente:
— Tudo o que eu queria era ajudar Sua Graça.
Embora ela não pudesse falar o que pensava na frente de Cesare, ela conseguiu despejar suas desculpas para Lotan.
— Analgésicos poderosos são essenciais em tempos de guerra. Eu estava confiante de que seria inovador…
As palavras de Eileen se fundiram quando um pensamento lhe ocorreu.
— Mas como ele descobriu?!
Morpheus ainda estava em fase experimental. Era uma substância que havia sido meticulosamente estudada por causa de sua natureza dual. Não havia saído do laboratório dela nenhuma vez.
— Estou surpreso que você tenha pensado que Sua Graça não descobriria.
Lotan pareceu perplexo com a pergunta de Eileen.
— Com a diligência com que você tem comprado ópio, você realmente acreditou que não seria pega? No começo, suspeitamos que você fosse uma viciada em ópio. Até mesmo pensamos que você tenha sido enganada em comprá-lo para outra pessoa.
— Eu não sou tão tola.
— Você já se esqueceu que uma vez foi sequestrada com um doce?
Com o rosto vermelho de vergonha, Eileen retrucou.
— Eu tinha doze anos quando isso aconteceu!
Isso ocorreu há mais de uma década, e não foi por causa de um único doce.
O sequestrador deu a ela um saco de doces sabor limão e laranja, ambos os quais ela nunca havia experimentado antes. Ele também lhe mostrou uma planta peculiar, um espécime tão fino que a atraiu ainda mais para segui-lo.
No entanto, os subordinados de Cesare sempre se lembrariam de Eileen como aquela garotinha que foi tentada por um pedaço de doce. Lotan, em seu murmúrio pesado, tentou se lembrar de cada detalhe do incidente.
— Só de pensar no caos que se seguiu naquela época… Como foi desorientador.
— Agora você está exagerando.
Eileen tirou Lotan de suas reminiscências.
Ela tentou com todas as forças refrescar as bochechas em chamas com as costas das mãos.
— De qualquer forma, se houver outra opção, eu preferiria evitar esse casamento. É tudo muito repentino, e pode causar problemas para Sua Graça.
Eileen não estava confiante em sua declaração, tendo cometido um crime gravíssimo. O homem ao lado olhou para ela, sua expressão mostrando compreensão de sua situação. Apesar de sua aparência rude, ele era um homem simpático.
— Deve ser penoso. No entanto, Sua Graça está fazendo isso por preocupação com você, Srta. Eileen.
— …….
— Ele também é uma pessoa que nunca recua com sua decisão.
Eileen estava profundamente ciente disso. Se Cesare escolhesse Eileen como a Arquiduquesa, então ela assumiria o papel, assim como quando ele decidiu elevar seu irmão mais velho à posição de Imperador.
Apesar de saber que seu futuro estava definido, Eileen tentou um protesto fraco, mas inútil.
— Por favor, me dê um tempo. Preciso contar ao meu pai.
Os olhos de Lotan brilharam de desgosto assim que Eileen mencionou seu pai. Lotan suavizou sua expressão antes que Eileen percebesse. Após uma breve pausa, ele introduziu um novo tópico.
— Pensando bem, já faz muito tempo desde a última vez que nos encontramos.
— Aconteceu alguma coisa?
— Houve algumas preocupações menores. Por que você parou de enviar cartas para Sua Graça?
A pergunta dele surpreendeu Eileen.
— As cartas?
Depois que Cesare partiu para a batalha três anos atrás, Eileen lhe escrevia cartas todos os dias. Quase um ano se passou sem uma única resposta. Ela não tinha expectativas, então não estava decepcionada. Mas isso não significava que ela não estava melancólica por esse motivo.
— Pensei que ele não as estava lendo. Como não recebi nenhuma resposta, presumi que cartas pessoais não estavam sendo entregues no campo de batalha. Mesmo que estivessem, pensei que ele não teria tempo para lê-las com sua agenda exigente.
Ela não queria ser uma praga irritante para Cesare. Então no ano seguinte, parou de escrever. Ela só tinha ouvido falar de Cesare pelos jornais nos últimos três anos. Hoje, Cesare apareceu do nada e a pediu em casamento.
— Sua Graça ficava encantado toda vez que recebia sua carta.
Então por que não houve uma única resposta? Parecia que Lotan estava dizendo isso para confortá-la. Afinal, como Lotan era um cavaleiro sob o comando direto de Cesare, ele teria visto as cartas descartadas.
Eileen escondeu sua amargura e sorriu, fingindo estar alegre em resposta à consideração de Lotan.
— Agora que ele retornou oficialmente, não há necessidade de cartas. Eu o recompensarei.
— Bom. Tudo o que você precisa fazer é permanecer ao lado dele.
Lotan riu baixinho enquanto Eileen fingia não entender suas palavras. O veículo também tinha parado bem a tempo.
— Chegamos.
Antes que ela percebesse, estava na frente da casa. Eileen herdou de sua mãe uma pequena casa de tijolos de dois andares com um pequeno jardim.
De acordo com a lei imperial, seu pai deveria ter herdado. Em vez disso, foi para Eileen, graças à intervenção de Cesare no testamento de sua mãe.
No jardim, uma laranjeira balançava ao vento com suas folhas verdes. Ela continha frutas maduras, dando um pouco de vida à casa de tijolos, de outra forma sem graça.
Uma cena tão pitoresca não era adequada para uma família nobre decaída, semelhante aos Elrods. Afinal, mudas de laranja eram um símbolo de extravagância. Também era um presente de Cesare.
Lotan foi o primeiro a sair do veículo e abrir a porta depois que ele parou. Ele ficou satisfeito ao ver a laranjeira depois de ouvir o som das folhas farfalhando ao vento.
— Alguém tentou roubar as laranjas novamente?
— Apenas aquela vez.
Houve uma tentativa de roubo desde que recebeu a laranjeira de presente. O ousado ladrão de laranjas foi baleado pelas tropas do arquiduque. Desde então, ninguém ousou se aproximar da árvore ou da casa de Eileen.
Eileen lançou um olhar gentil para Lotan enquanto ele continuava a acompanhá-la. O homem de aparência rude sorriu largamente quando seus olhares se encontraram, seu rosto marcado por cicatrizes se enrugando em covinhas.
Eileen considerava os primeiros cavaleiros do Arquiduque como deuses, assim como a laranjeira, o que não combinava com os Elrods. Eles nunca foram do tipo que sorria e falava abertamente, muito menos o Arquiduque.
Eileen sorriu de volta para ele, tentando se livrar daquele sentimento avassalador.
— Obrigado, Sir Lotan. Por acaso você tem algum tempo para uma xícara de chá?
Eileen estava relutante em deixá-lo partir tão rapidamente, especialmente depois de não vê-lo por tanto tempo. Ela também estava curiosa sobre o que tinha acontecido ao longo dos anos.
Para sua alegria, Lotan concordou prontamente.
Os dois tomaram chá na pequena sala de estar da casa de tijolos. Lotan informou Eileen sobre aqueles que desejavam vê-la.
— Senon está ansioso para vê-la. Ele insistiu várias vezes para que eu enviasse seus cumprimentos depois de saber da minha visita hoje.
— Sr. Senon?
— Sim. Michelle também foi muito insistente. E Diego menciona sempre que tem chance. Ele parece pensar que você ainda é uma garotinha. Até comprou um coelho de pelúcia para você quando retornou à capital. Então, eu peguei um também.
Eileen passou suas conversas com Lotan rindo enquanto o tempo voava. Quando o sol começou a se pôr, ele olhou pela janela e se levantou.
— Acho que devo ir agora.
Eileen o acompanhou para fora, mas apenas até a porta da frente. Quando ela tentou sair, a seriedade de Lotan a impediu.
— Está frio, minha senhorita. Você não precisa sair.
Parecia estranho que a brisa no início do verão pudesse ser tão fria à noite. Mas Eileen, que estava acostumada com a superproteção do cavaleiro, não discutiu e se despediu dele.
— Vejo você em breve.
— Até lá, Srta. Eileen.
Eileen tentou imitar a saudação educada do cavaleiro. A visão cativante divertiu Lotan, que não conseguiu evitar de cair na gargalhada.
— Voltarei com um presente.
Lotan demorou um pouco depois de se despedir, esperando que Eileen fechasse a porta da frente com segurança atrás dela. A expressão alegre que ele usava na presença da garota havia desaparecido, substituída por seu comportamento estoico habitual. Depois de verificar cuidadosamente a casa em busca de quaisquer sinais de atividade estranha, ele saiu.
Uma vez dentro do veículo, ele perguntou friamente ao motorista:
— Alguma notícia sobre o Barão Elrod?
— Ele está em uma reunião com Sua Graça.
O Barão Elrod era o pai de Eileen. O próprio pensamento sobre o homem fez Lotan proferir palavrões que, sem dúvida, teriam chocado a jovem.
O motorista olhou através do espelho retrovisor para o homem que era o braço direito de seu mestre e acrescentou cautelosamente:
— Estou preocupado com o estado de espírito da jovem senhorita.
Essa preocupação refletiu a de Lotan. Ele estreitou os olhos gentilmente e deu uma ordem.
— Vamos voltar.
Lotan olhou para a laranjeira e para a pequena casa de tijolos enquanto o carro preto se afastava.
Continua….
Tradução: Elisa Erzet