No c* da Cobra - Capítulo 08
Benedict, como se estivesse entrando em sua própria casa, abriu o pesado portão de ferro sem hesitação e entrou. Era um espaço familiar, frequentemente usado para negócios oficiais da cidade.
— Bem-vindo, Vossa Graça! Eu estava esperando.
Um guarda subornado curvou-se profundamente, seus olhos brilhando de curiosidade.
— Ouvi dizer que você está procurando prisioneiros para serem leiloados amanhã à tarde. Se você puder descrever suas características, eu posso encontrá-los e trazê-los para…
— Eu mesmo farei isso.
— Ah! Sim, sim! Claro.
O guarda, sentindo o aviso na voz fria, recuou rapidamente.
— Então eu vou ficar de guarda lá fora! Por favor, não tenha pressa.
Benedict começou a descer as escadas. O som de seus passos ecoou brevemente, então desapareceu. Chegando ao corredor ladeado por celas gradeadas, ele parou, avaliando o espaço. O porão escassamente iluminado estava envolto em sombras. Indiferente aos gemidos e soluços de dor, ele se virou para o corredor direito. Logo, ele encontrou seu alvo.
— Por favor, abra os olhos. Você não pode perder a consciência.
A voz suave o levou direto até ela.
A mulher pairava ansiosamente sobre um prisioneiro caído, pressionando um cobertor em seu pulso. O sangue, no entanto, continuou a se espalhar, manchando a área de vermelho.
— O que devo fazer? O sangramento é tão grave…
Ela olhou ao redor desesperadamente, mas ninguém se importou. A maioria já havia caído em um sono exausto há muito tempo.
‘Vamos ver o que ela fará.’
Benedict observou com interesse, sua paciência facilmente concedida. A visão de seus olhos redondos e rosados havia aliviado milagrosamente sua dor de cabeça. A utilidade da mulher agora estava clara.
‘Vamos lá, mexa-se’.
O olhar de Benedict se aguçou, antecipando sua próxima ação.
* * *
Hilde cobriu o prisioneiro com o cobertor arruinado. O alívio tomou conta dela quando a pele pálida dele retornou e a respiração se acalmou.
— … Obrigado por me salvar.
O prisioneiro murmurou antes de cair em um sono tão profundo quanto a inconsciência. Para Hilde, era o suficiente. Ela se preparou para acusações, de ser culpada por interferir.
Exaustão, nascida da fome e das noites sem dormir, caiu sobre ela. Suas pálpebras tremeram fechadas.
— Ei.
O barulho de metal contra metal assustou Hilde acordando. Um guarda estava batendo nas barras.
— Não demore. Saia rápido.
— O quê?
— Eu disse para sair!
A impaciência do guarda o levou a agarrar o braço dela e puxá-la bruscamente através das barras.
— Me siga.
Quando saíram da prisão, o sol estava começando a se pôr. Hilde protegeu instintivamente os olhos dos tons de fogo que pintavam o céu. Alguns dias na cela subterrânea fizeram o mundo acima parecer estranho.
Enquanto ela piscava, se ajustando à luz fraca, o guarda sussurrou:
— Alguém está procurando por você.
— … Por mim?
— Uma pessoa muito importante. Eles estarão aqui em breve para buscá-la. Apenas espere e siga-os… Droga!
O guarda xingou baixinho, então a levou para um canto escuro do prédio.
— Fique aqui em silêncio. Já devem estar chegando. Nem pense em correr. Esta área é cercada por floresta. Você será dilacerada por animais selvagens.
Com aquela ameaça assustadora, ele correu de volta para onde eles tinham acabado de sair.
— O que você está fazendo aqui?
Hilde observou, prendendo a respiração, enquanto o guarda cumprimentava os cavaleiros que chegavam, seu rosto molhado de suor. Ela percebeu que esses não eram os convidados esperados. E com essa percepção veio outra, a mais crucial.
‘Agora é minha única chance de escapar.’
Desde o momento em que ouviu que alguém importante estava procurando por ela, um terror familiar começou a surgir.
‘Talvez algo ainda mais aterrorizante me aguarde.’
O instinto assumiu.
Quando recuperou os sentidos, estava correndo em direção à floresta.
Continua….
Tradução Elisa Erzet