Flores são Iscas - Novel - Capítulo 33

Capítulo 33

Hwang Jo-yoon tentou se mover, mas seus membros estavam amarrados com muita força. Era até impossível ficar de pé. Toda vez que tentava se soltar, sentia o cheiro de fertilizante em seu filtro labial.

Ele tentou gritar, mas a mordaça em sua boca abafou tudo. A textura do tecido que atravessava sua consciência turva fez sua garganta coçar. Ele queria vomitar.

“Você amarrou bem.” O homem se ajoelhou e examinou os nós.

“Achei que seria útil, então aprendi como fazer.”

“Como você o pegou?”

“Com um spray de pimenta”, disse Lee-yeon. “Eu o preparei porque é altamente eficaz contra pragas. Eu sabia que Hwang Jo-yoon estaria me perseguindo. É engraçado que só foi preciso um gás lacrimogêneo vegetal para pegá-lo.”

“Estou muito orgulhoso de você, Lee-yeon.” O homem olhou para Lee-yeon com ternura. Hwang Jo-yoon lançou-lhe um olhar furioso.

Por que o babaca estava saindo de casa? Hwang Jo-yoon se debateu e choramingou. Os dois o olharam como se ele fosse uma barata vil que tivesse entrado na casa deles. Não havia humanidade no olhar do homem que o fitava. Parecia que poderia estripar os intestinos de Hwang Jo-yoon sem pestanejar. Suor frio escorria pelo rosto de Hwang Jo-yoon.

“Deixe comigo daqui.” Ele se levantou sem tirar os olhos de Hwang Jo-yoon. Lee-yeon agarrou as mangas de Kwon Chae-woo.

“Você não pode contar para a polícia! Eles vão simplesmente soltá-lo. Não me ajudaram em nada. Tem uma câmera de segurança no quintal. Deve ter filmado meu ataque. Ninguém vai achar que foi legítima defesa. A polícia está do lado dele. Ele tem bons contatos com pessoas ricas e poderosas.” Ela encarou Kwon Chae-woo, com os olhos arregalados.

O homem acariciou os cabelos dela. Inclinou-se em sua direção e acariciou sua bochecha. “Não vou denunciar, prometo.”

Lee-yeon não parecia convencida. “Você esqueceu? Eu só farei o que você mandar. Então, não se preocupe. Só me diga o que você quer que eu faça com ele”, insistiu Kwon Chae-woo.

“Se você me disser para bater nele, eu bato”, disse Kwon Chae-woo. “Se você me disser para remover os ossos dele, eu bato.”

Ela tremeu. “Só…”

“Sim?” disse Kwon Chae-woo gentilmente.

“Eu simplesmente não quero vê-lo nunca mais!” disse Lee-yeon.

Kwon Chae-woo assentiu. “Está bom. Será feito.”

“Mas eu não estou dizendo para você matá-lo! Não o mate!” O mais importante com Kwon Chae-woo era que ela fosse muito clara.

Ele deu um sorriso irônico. “Eu não vou matá-lo.”

Lee-yeon olhou para ele. Não sabia o que fazer com suas palavras e seu sorriso irônico. Mas ele apenas a olhou com carinho. Talvez Choo-ja estivesse certa. Talvez Kwon Chae-woo fosse apenas um recipiente vazio agora. O que ele se tornaria dependia do ambiente em que se encontrava.

“Como posso fazer isso aqui?”, disse ele com um sorriso. “Este não é um lugar muito apropriado para matar alguém.”

Os pensamentos de Lee-yeon fugiram de sua mente. Aqui estava ela, pensando que ele era um novo homem, um recipiente vazio e ele…

“Eu… eu não quero que ninguém morra. Não quero ser preso como suspeito de assassinato!”

Kwon Chae-woo riu baixinho. Ela percebeu que ele estava brincando. “Não farei nada disso. Vou apenas tentar convencê-lo a não te incomodar. Você deveria ir para casa e tirar um cochilo. Chego aí em breve.”

Lee-yeon hesitou. “Kwon Chae-woo, não se esqueça de que fui eu quem o pegou. Serei mantida sob suspeita.”

Kwon Chae-woo ergueu uma sobrancelha ao ouvir as palavras dela. “Por favor, não fique bravo e perca a cabeça. Não fique animado também! Você… você pode ficar com dor de cabeça e isso não vai ser bom!”

Ele riu. “Não ria. Você ainda não se recuperou completamente. Eu prometi que só veríamos coisas boas juntos e me desculpe por quebrar essa promessa e fazer você fazer isso.”

Ele a achou adorável. “Ele nunca acreditou que éramos casados”, continuou ela. “É por isso que eu queria mostrar a ele. Só isso. Nada mais do que isso, entendeu?”

“Entendo”, disse ele, coçando a sobrancelha com o polegar e tentando esconder o sorriso. Ela era simplesmente fofa demais. Ele só queria carregá-la no colo e levá-la para casa. Pelo menos ela pareceu aliviada. Ela foi embora, relutante.

Hwang Jo-yoon se debateu ao vê-la partir. Tentou gritar, mas só ouviu gemidos abafados. Não fazia ideia do que estavam falando um pouco antes. Ele havia vagado descaradamente pela casa dela, pensando que ela era indefesa. Ela sempre fora indefesa. Nunca conseguia fazer nada além de tremer de medo.

Ele subiu na janela e observou o rosto dela empalidecer ao vê-lo. Eu ainda tenho poder sobre você, pensou ele. Até aquele dia, ele a estacou e espiou pela janela novamente. Ela estava furiosa. Caminhou até ele com passos firmes e borrifou pimenta em seus olhos e rosto. Ele gritou por causa da ardência nos olhos. Ela então pegou uma pá e o espancou com força.

Ela tinha uma expressão assassina. Por que seus olhos estavam assim? Seu rosto estava pálido, mas seus olhos…

“Hwang Jo-yoon”, disse Kwon Chae-woo, inclinando-se na altura dos olhos e agarrando o queixo com força. Seu aperto brutal não combinava com seu rosto sereno. “Onde você mora?”

Ele queria resistir, mas não conseguia se livrar do aperto do homem. “Eu perguntei onde você mora?”, disse Kwon Chae-woo, apertando-o com mais força. Ele ainda parecia sereno. Quase entediado. Parecia que ia bocejar a qualquer momento.

Ao contrário de sua aparência, suas mãos o seguravam com tanta força como se ele não se importasse em esmagar o queixo de Hwang Jo-yoon.

“Uhhh….!”

“Ahh, minhas desculpas”, disse Kwon Chae-woo, olhando para sua mordaça. “Como você pôde responder com uma mordaça tão grossa? Ela quase cobre a sua boca inteira. Lee-yeon conhece bem o seu trabalho. Você não concorda?”

Kwon Chae-woo soltou o queixo e desamarrou a mordaça. Hwang Jo-yoon tossiu para pigarrear. A náusea escorreu pelos lábios como baba. “Mas onde ela aprendeu a morder o dedo que estava na garganta?”, zombou Hwang Jo-yoon. “Vou processar todos vocês. Vocês são mesmo o marido da So Lee-yeon?”

O homem que estivera olhando para o nada inclinou-se em sua direção, com o olhar penetrante. Era quieto, mas sabia como fazer com que a atmosfera o envolvesse quando necessário. Hwang Jo-yoon recostou-se.

“Então me mostre provas”, disse ele. “Documentos, formulários legais, qualquer coisa! É só me mostrar.”

“Odeio perguntar pela terceira vez”, disse Kwon Chae-woo, “Onde você mora?”

“Você não me ouviu? Não vou te contar nada até que você me traga alguma prova. Não tem como você ser casada com a Lee-yeon.”

“Devo adivinhar?”, perguntou Kwon Chae-woo. Ele se levantou e agarrou as coleiras de Hwang Jo-yoon. Suas mãos e pés estavam amarrados, então Kwon Chae-woo o arrastou.

“Ah…! Solta! Eu disse para soltar!”

“Cale-se.”

“Lee-yeon, Lee-yeon!” gritou Hwang Jo-yoon.

O rosto de Kwon Chae-woo endureceu. “Eu disse para você parar de chamá-la pelo nome.”

“Lee-yeon!”, ele se debateu freneticamente. Kwon Chae-woo pegou um punhado de pedras do quintal e as enfiou na boca de Hwang Jo-yoon.

“Ughh… ughh….!”

“Quando eu te aviso gentilmente, você não escuta.”

“AAAAH!”

“Cale a boca. Não acorde Lee-yeon.” Kwon Chae-woo fechou a boca de Hwang Jo-yoon com força. As pedras rangiam entre seus dentes. A dor era quase insuportável. Hwang Jo-yoon começou a gritar histericamente.