Flores são Iscas - Novel - Capítulo 15

Capítulo 15

“Choo-ja é alguém importante para você?”

“Hum…sim.”

Kwon Chae-woo olhou silenciosamente para Lee-yeon e assentiu. “Então eu deveria fazer um esforço para receber o favor dela.”

“Não, você não tem—”

Antes mesmo que ela pudesse terminar suas palavras, ele se virou para Choo-ja. “Mãe, sinto muito em lhe dizer isso, mas posso não ser capaz de manter as promessas que fiz com você antes do casamento.”

“Eu sabia disso desde que você começou a dormir.” Choo-ja respondeu sem hesitação, completamente à vontade.

“Lee-yeon me disse que eu era gentil e educado.”

“Sim, você estava.” Choo-ja sorriu para Lee-yeon. Lee-yeon percebeu que ela adivinhou que era assim que Lee-yeon o havia enganado.

“Acho que vai levar algum tempo para eu me tornar um marido que Lee-yeon se lembre.”

“Eu sei e, claro, entendo.”

“Mas não vai demorar tanto. O médico me disse que não seria tão difícil porque eu tenho a inércia que me fará voltar ao meu verdadeiro eu.”

Choo-ja pôde ver Lee-yeon estremecer.

“Lee-yeon, quando devo começar a trabalhar?”

“Você quer trabalhar?”

Ele franziu a testa quando Lee-yeon arregalou os olhos em surpresa. “Você não acha injusto que você teve que cuidar de tudo sozinha esse tempo todo?”

“Não, mas… você pode descansar! Agora, você tem que se concentrar na sua recuperação, Kwon Chae-woo. E isso me deixaria menos preocupada…” Ela esfregou as calças com as palmas suadas ansiosamente.

“Chae-woo.” Ele a corrigiu.

“Hein?” De repente, ele colocou os braços em volta do encosto do sofá e se recostou.

“É Chae-woo”, ele disse novamente. “Me chame de Chae-woo.”

Enquanto falava em voz baixa, ele abaixou a cabeça e olhou diretamente para Lee-yeon. Ela achou aqueles olhos mais aterrorizantes do que qualquer outra coisa.

Lee-yeon enrijeceu-se como se alguém estivesse mirando uma faca em seu pescoço. Ao ver o rosto pálido da mulher, Kwon Chae-woo de repente enterrou o rosto em seu antebraço. No entanto, a ponta de suas sobrancelhas levantadas ainda estava claramente visível.

“Você não me vê mais como um homem?”

Por alguma razão, ela não conseguia nem mover um dedo. A mudança repentina na atmosfera a lembrou do dia em que viu os olhos dele pela primeira vez na montanha escura. Ele então pressionou a têmpora com o dedo indicador.

“Sou um idiota com apenas uma coisa na cabeça.”

Lee-yeon não conseguiu responder.

“Seu rosto.”

Lee-yeon sentiu como se estivesse sentada em algo afiado. Ela teve que pisar com cuidado. “Lee-yeon, você não sabe como é isso”, ele continuou. “Isso me deixa louco.” Ele franziu as sobrancelhas como se estivesse lhe causando dor. “Tudo o que tenho na cabeça é o rosto de uma mulher da qual não me lembro direito. Mas me assusta pensar que posso esquecer isso também.”

Lee-yeon não conseguia tirar os olhos de Kwon Chae-woo, que soltou uma risada seca. Eu não deveria me sentir assim, mas ele parece lamentável, pensou Lee-yeon.

“Eu vou querer me tornar um marido ruim se isso acontecer.” Ele estendeu a mão e gentilmente acariciou a bochecha de Lee-yeon. O coração dela disparou de horror. As pontas dos dedos dele estavam frias, e ela estava com medo de que ele pudesse estar segurando um barbante ou uma seringa. O coração dela estava batendo tão rápido como se ela tivesse acabado de voltar de uma corrida de cem metros.

Ao ver Lee-yeon enrijecida, Choo-ja murmurou baixinho para si mesma: “Ele não é um homem qualquer.”

Choo-ja pegou seu celular e procurou o número de alguém. Primeiro, eu deveria descobrir quem é Kwon Chae-woo.

* * *

Naquela noite, Lee-yeon estava sozinha no primeiro andar, usando “trabalho” como desculpa para ficar lá. Não vou dormir com aquele homem hoje, não importa o que aconteça.

Ela queria fechar e trancar a porta do segundo andar para sempre, mas a fechadura foi quebrada, por ninguém menos que Kwon Chae-woo. Quando ela espiou o quarto pela porta ligeiramente aberta, ela viu que o homem estava fazendo flexões. A parte superior do corpo dele estava nua e escorregadia de suor, enquanto calças largas cobriam a parte inferior do corpo. Ele nem mesmo ofegava enquanto se exercitava.

Costas musculosas, linha média curva, veias salientes e um ritmo constante. Sua recuperação foi notavelmente rápida. Lee-yeon podia ver uma grande diferença entre o homem vegetativo que ele tinha sido e o homem que ele era agora, neste momento.

Eu me sinto confortável com plantas, mas não com animais. O relógio tocou e Lee-yeon foi tirada de seus pensamentos para o presente. Lee-yeon foi para seu próprio quarto e fechou a porta. Sua respiração estava irregular. Ela podia sentir uma dor aguda na parte de trás da cabeça. Desde o pôr do sol, ela tinha apenas uma coisa em mente: como evitar passar a noite com Kwon Chae-woo?

Depois de alguns segundos, houve uma batida na porta. “Lee-yeon,” a voz de Kwon Chae-woo chamou.

Ela podia ver a sombra dos pés do homem sob a porta onde a tinta havia caído. Era a primeira vez que ela se preocupava muito com a velha porta que não estava bem trancada

Lee-yeon puxou o cobertor sobre si e tentou bloquear o som. Apenas volte! Ela repetiu para si mesma. Mas mesmo desde a infância, nenhuma misericórdia foi direcionada a ela. Suas preces nunca foram respondidas.

A maçaneta balançou violentamente como se estivesse prestes a cair. Lee-yeon mordeu o lábio e fingiu dormir.

“Lee-yeon, abra a porta.”

Ela tremeu, ouvindo sua voz sem tom. Ela pensou que se pudesse ver os olhos do homem parado do lado de fora, ela teria se sentido um pouco menos assustada, mas sua voz baixa foi o suficiente para assustar Lee-yeon.

O silêncio caiu pesadamente. Quantos minutos se passaram? Lee-yeon se perguntou. O piso de madeira rangeu do lado de fora de sua porta. Lee-yeon jogou para o lado o cobertor que ela havia colocado sobre si mesma e silenciosamente saiu de sua cama. Ao som dele se afastando da porta, ela finalmente conseguiu respirar aliviada.

A mulher que dizia ser sua esposa está evitando o marido. O que ele vai pensar dessa situação? No momento em que o relógio tocou, seu corpo se moveu primeiro antes que ela pudesse pensar. Lee-yeon aproximou os ouvidos da porta.

“Você achou que eu tinha ido embora?”, perguntou a voz.