Eu Rezo para que Você me Esqueça - Capítulo 99

Capítulo 99

“Ciúme?”

Ele me segurou. Meus ombros ficaram tensos instintivamente.

“Você acha que eu vejo minhas alunas como mulheres? Eu sou seu marido…”

“Você realmente não a viu daquele jeito? Juro por Deus!”

“Rize… que tipo de homem você acha que eu sou?”

Um hipócrita que teme a Deus, mas comete adultério. Eu ainda amo Johann, mas minha confiança nele se esvaiu. Assim que percebi as falhas que eu não tinha visto antes, elas continuaram me corroendo. Depois de reconhecer as contradições de Johann, comecei a ver outras que eu havia ignorado.

Mesmo durante a missa de casamento de hoje, refletindo sobre nosso segundo casamento, descobri mais de sua hipocrisia.

‘Johann prometeu me aceitar como esposa apenas, Rize. Isso não significava que ele se esqueceria completamente dela e me amaria apenas a partir de então?’

‘Então por que ele mencionou o nome de Dana durante nossa primeira cerimônia de casamento?’

‘…’

— Não se esqueça, Johann me deu o colar de Dana somente depois daquela cerimônia. Seu segundo voto não prometeu fidelidade somente a mim.

‘Então, no final das contas, esse voto também não era confiável…’

Eu lutava constantemente comigo mesmo e, no final, acabei defendendo Johann. Agora eu sei: Johann é um homem indigno de confiança.

Mesmo assim eu ainda o amo, o que significa que eu realmente o amo.

“Não é culpa sua.”

Tornei-me um hipócrita por amar um hipócrita.

“Aquela menina…”

Ela só te vê como um homem, comecei a dizer , mas hesitei. Meu ciúme e a culpa que sentia por uma garota dez anos mais nova que eu me faziam sentir ainda mais jovem.

“Rize, ela é apenas uma estudante, uma adolescente que admira adultos. Todo mundo passa por essa fase.”

Ver Johann defendê-la deixou claro que ele sentia o mesmo por mim — que eu não era madura o suficiente. Isso me deu vontade de chorar como uma criança de novo.

“Mas você, na frente dela, era realmente maduro. Achei que o seu antigo eu tivesse voltado.”

“Realmente?”

“Então por que você se transformou em criança novamente na minha frente?”

“…Realmente?”

Johann sorriu para mim, como se não pudesse evitar, ao ver que eu estava à beira das lágrimas novamente.

“Isso significa que você gosta de mim. Mostra o quanto você confia em mim, e eu gosto disso.”

“Você realmente gosta dessa versão de mim?”

Eu ainda não conseguia confiar totalmente nele, então perguntei novamente.

“Então, você ama o Rize ciumento?”

“Eu a amo. Apaixonadamente.”

Senti uma pontada de vergonha por estar com ciúmes, mas não consegui evitar um sorriso radiante. Ao me ver assim, Johann soltou um suspiro profundo.

“Eu sou o verdadeiro pecador aqui, sentindo-me orgulhoso enquanto minha esposa comete o pecado mortal do ciúme.”

“Então vamos para o inferno juntos? Tudo bem para mim.”

“…Você acha que o inferno é uma coisa boa?”

“Porque não estaríamos separados nem na morte.”

O rosto de Johann, que antes sorria, de repente ficou triste. Mesmo de brincadeira, mencionar o inferno era pesado. Mas a ideia de cairmos juntos no inferno ecoava algo que ele costumava dizer na cama comigo.

Johann sabe. Ele sabe que está destinado a cair no inferno por causa de sua infidelidade. Se eu quisesse estar com ele na morte, eu também teria que ser um pecador.

Se amar um homem que me enganou fosse um pecado, eu aceitaria isso.

Cometi outro pecado mortal — a luxúria — com aquele beijo longo e profundo atrás do armazém. Depois de retocar meu batom borrado, Johann estendeu a mão, sugerindo que voltássemos para onde as pessoas estavam reunidas.

“Você disse que não seria educado que os convidados vissem uma noiva mais bonita que a noiva.”

Peguei a mão dele de bom grado, mas fingi fazer beicinho.

“Então foi só para me confortar, já que você conseguia enxergar através de mim? Achei que você realmente acreditasse nisso.”

“Por que você acha que não é genuíno?”

Johann inclinou meu chapéu para baixo, como se quisesse esconder meu rosto. Mas nem isso escondia meus lábios virados para cima.

“Você deveria estar se escondendo pelo bem do noivo.”

Apesar de dizermos que deveríamos nos esconder juntos, nos misturamos aos convidados, observando e comemorando enquanto os noivos realizavam os rituais de recepção.

Então, inesperadamente, aconteceu algo que nos fez realmente precisar nos esconder: um convidado havia chegado.

“…Major Felkner?”