O Marido Malvado - Capítulo 31
Lutando para recuperar a compostura em meio à fumaça, lágrimas brotaram nos olhos de Eileen enquanto ela conseguia responder.
— O-obrigada…
Apesar de fumar ser comum entre soldados e cavaleiros do Grão-Duque, Eileen nunca havia sentido o cheiro do tabaco antes. Como resultado, aqueles ao seu redor — inclusive Cesare, que fumava ocasionalmente — evitavam o hábito por horas antes de encontrá-la. Essa consideração vinha do conhecimento de todos sobre sua aversão ao fumo.
Esta foi a primeira vez na vida de Eileen que ela foi exposta diretamente à fumaça. Mesmo vendo o desconforto dela, Ornella continuou fumando. Sentindo-se sufocada pela fumaça e intimidada por Ornella, Eileen queria escapar o mais rápido possível. Ela tentou se desculpar apressadamente:
— Então…
— Ah, espere um momento — Ornella a interrompeu.
Ao se virar para sair, Eileen viu Ornella levantar uma mão, interrompendo sua partida. Ela e o lacaio só podiam esperar pacientemente.
Presa na fumaça acre, Eileen tossia com dificuldade, sua garganta apertada. Ornella, por sua vez, acendia outro cigarro com tranquilidade. Com um gesto displicente, jogou a guimba no chão. O lacaio, sempre atento, recolheu-a com um lenço. Só então Ornella, sacudindo finalmente a roupa, voltou-se para Eileen.
Estranhamente cativada, Eileen sentiu-se atraída pelo sorriso de Ornella. Ele brotava como uma flor rompendo o asfalto, belo apesar do ambiente hostil. Naquele momento, um pensamento peculiar surgiu na mente de Eileen: ‘Esta mulher é um Lírio.’ Ela refletiu sobre como o apelido “Lírio de Traon” parecia adequado para Ornella.
A outra se inclinou, seu rosto a centímetros do de Eileen.
— A simplicidade está um pouco mais clara agora.
Surpresa com o gesto inesperado, quando Ornella esticou a mão em direção a sua franja, Eileen instintivamente deu um passo para trás.
— Eu te assustei? Me desculpe — disse Ornella, com um sorriso malicioso nos lábios.
— Totalmente desconcertante, não acha, senhorita Eileen? Porque Sua Graça escolheria você… — a voz de Ornella carregada de sarcasmo. — Casando por piedade? Isso é forçar demais, não concorda? 😡
Ela fez uma pausa, suas sobrancelhas perfeitamente delineadas franziram enquanto avaliava Eileen de cima a baixo com um olhar desdenhoso. De repente, a garota ficou dolorosamente muito consciente de sua roupa. Estava arrumada o suficiente, pensou, mas uma dúvida surgiu ao comparar seu vestido simples ao que provavelmente era uma peça de grife de Ornella. O vestido de Eileen, feito de um tecido mais áspero que seda, tinha apenas alguns laços desbotados.
Em contraste, o vestido de Ornella gritava riqueza. Feito de um material que brilhava como o luar sobre um lago calmo, fluía ao redor de seu corpo como se tivesse vida própria.
Além disso, Ornella exalava um perfume agradável — uma fragrância floral envolvente que quase dançava com a fumaça de tabaco no ar.
Eileen se lembrou do momento em que colocou a caixa do relógio no sofá do Grão-Duque. Era uma caixa pobre, desgastada.
— Deve ser difícil para você também, senhorita Eileen. Um casamento entre classes sociais diferentes exige delicadeza… Você já preparou o dote?
— Uh…
Eileen ficou sem palavras. Era um problema que ela sequer havia considerado. A menos que estivesse sendo vendida, noivas geralmente precisavam providenciar um dote.
Claro, o casamento de Eileen era meio involuntário, mas ainda assim, era com o próprio Grão-Duque. Ela não podia simplesmente chegar de mãos vazias.
Ao ver o rosto pálido de Eileen, Ornella estalou a língua, como se estivesse irritada.
— Sua mãe faleceu, e você não tem conexões nobres adequadas. Acho que ninguém lhe ensinou nem mesmo o básico.
As palavras eram dolorosamente verdadeiras. Ninguém havia ensinado a Eileen sobre os aspectos práticos de um casamento. Ela havia apenas pensado vagamente sobre o assunto, sem considerar de fato os preparativos. Mal havia refletido sobre o que fazer com seu pai.
— Isso é um grande problema. Ah, e pensando bem, você nem recebeu um anel ainda. Parece que as coisas não estão progredindo direito.
Ornella exclamou surpresa ao notar a mão esquerda de Eileen vazia. Ela rapidamente a cobriu com a mão direita, envergonhada.
— Bem, eu preciso de uma nova dama de companhia. 😡😡
Ornella pegou o laço do vestido de Eileen. Com mãos enluvadas, puxou o laço, que se soltou facilmente.
Eileen assistiu enquanto o laço se desfazia de forma desleixada. Ornella o largou como se tivesse tocado em algo sujo, depois retirou as mãos.
— Vou garantir que seja devidamente recompensada.
Eileen mordeu o lábio. Ela podia sentir o olhar constrangido do lacaio ao seu lado.
Ser dama de companhia da Imperatriz era uma posição honrosa, um sonho para qualquer jovem nobre. Mas, para Eileen, parecia um insulto, destacando o abismo entre sua situação humilde e a grandeza da corte da Grã-Duquesa. Ser comparada a uma dama de companhia, posição cobiçada por todas as nobres, era um lembrete cruel da pobreza que manchava o nome do Barão Elrod. Um contraste gritante com a vida que a esperava como Grã-Duquesa Erzet.
Isso provavelmente aconteceria mais vezes no futuro. Eileen se preparou, aceitando o acordo. Desde o momento em que concordou se tornar a Grã-Duquesa Erzet, havia decidido enfrentar esse novo mundo, independentemente das provações.
Encarar isso era mais angustiante do que esperava, mas Eileen conseguiu se manter firme. Franziu a testa para conter as lágrimas e então, com timidez, reuniu coragem para responder timidamente:
— Obrigada pela consideração. Mas… eu me viro.
— Aceitar ajuda quando se está em dificuldade não é motivo de vergonha, senhorita Eileen.
Mas ouvir aquela lição sobre sua ingenuidade fez com que se calasse novamente.
‘O que vou fazer sobre o dote!’
Mesmo que vendesse a casa de tijolos e todas as poções do laboratório, não se aproximaria de um dote digno de uma noiva do Grão-Duque. E seu laboratório ainda estava inacessível, não que ela pudesse entrar de qualquer forma.
Enquanto os ombros de Eileen encolhiam ainda mais, a voz de Ornella subitamente suavizou.
— Senhorita Elrod. Se precisar de algo, é só me procurar. Ajudarei como puder. Afinal, agora somos da família, parte da mesma casa real. 🙄🙄
Confusa com a súbita gentileza, Eileen logo entendeu. O som de passos firmes se aproximava por trás. Mesmo só pelo som calmo e ritmado dos passos, era possível reconhecer quem era.
— Sua Graça, Grão-Duque Erzet! 🤮😡
Cesare caminhava pelo corredor. Apenas atravessava a colunata, mas talvez fosse o modo como as abas do casaco ondulavam ao vento que tornava sua presença impossível de ignorar. O uniforme era imponente, mas até mesmo o casaco lhe caía perfeitamente.
Enquanto Eileen olhava sem reação, Ornella caminhou confiantemente em direção a Cesare. Parecia profundamente emocionada.
— Faz três anos. Você passou bem?
— Quanto tempo, senhorita Farbellini.
Cesare a cumprimentou brevemente, e as bochechas de Ornella coraram levemente. Ela parecia adorável. Eileen observava de longe. O brilho nos olhos, a voz animada e os gestos tímidos — revelavam tudo.
‘Ornella gosta de Cesare.’
Era natural, já que originalmente queria se casar com ele. Eileen podia entender seus sentimentos. Deve ser frustrante ver alguém que você ama ao lado de uma pessoa tão insignificante quanto ela.
Eileen provavelmente também teria ficado ressentida ao saber que Cesare estava se casando com alguém como ela.
Ornella e Cesare juntos formavam um belo quadro. Eram tão incrivelmente bonitos que quase assustava.
Sentindo-se como uma mancha naquela pintura impecável, Eileen os observou. Ornella pegou um lenço para cobrir a boca. Virou a cabeça levemente, tossiu de forma suave e então se desculpou:
— Desculpe. Acho que me vesti um pouco mal. O tempo hoje está mais frio do que esperava…
Sua voz desbotou num sussurro, deixando a frase no ar. O motivo era claro: A ação direta de Cesare, desabotoando o casaco, foi a razão.
Mas os olhos de Ornella, antes cheios de expectativa, logo se encheram de confusão.
— Eileen. 🥰🥰
Ele a chamou enquanto tirava o casaco. Esperou até que ela hesitante se aproximasse, então o colocou sobre seus ombros.
A vestimenta ampla a envolveu. Eileen olhou para ele, ainda atordoada, enquanto Cesare ajustava as mangas levemente desalinhadas e dizia:
— Vista isso. Está frio. 🥰🥰
(Elisa: Foi um pé no saco traduzir esse capítulo. Parei 5x. Essa mulher é um lixo. Insuportável. Só de saber que terei que traduzir mais interações dela, já me deixa entediada.)
Continua…
Tradução Elisa Erzet