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— Vou perguntar novamente. Você precisa de ajuda?

Com os olhos fechados, ela gaguejou:

— Ajude-me, por favor.

Hmm. O homem a olhou com uma expressão indiferente.

— O que devo fazer?

Ele parecia estar ponderando se deveria matar sua presa, capturada não para sustento, mas por diversão.

— A questão é que… 

O homem inclinou a cabeça. Hilde teve que esticar o pescoço, para encontrar os olhos dele. Ela sentiu o queixo tremer.

— Eu não gosto disso.

A grande mão do homem de repente agarrou seu queixo, e Hilde se encolheu.

— O que…?

— Você já se esqueceu?

Era uma pergunta sem sentido.

— Então terei que te ajudar a lembrar.

Com o suave raspar do metal contra a pele, uma lâmina fria tocou seu pescoço. Os olhos de Hilde se arregalaram.

Como uma represa estourando, memórias de um dia que ela queria desesperadamente esquecer voltaram à tona.

Uma voz trêmula, como o farfalhar de folhas de álamo, escapou de seus lábios entreabertos.

 — V-você é…

— Você implorou por sua vida, rastejando aos meus pés, e agora nem reconhece seu benfeitor?

O homem zombeteiro era, sem dúvida, o estranho que ela havia encontrado na noite em que Crozeta caiu. Aquele que havia deslizado silenciosamente para o quarto e enfiado uma espada em seu mestre, o Conde, matando-o instantaneamente.

 — Você… Como pode estar aqui?

Lendo seus lábios silenciosamente movendo, o homem graciosamente deu uma resposta.

 — Bem…

Seus lábios bem formados se curvaram em um sorriso torto, desprovido de qualquer alegria genuína.

 — Minha escrava ousou desobedecer ao comando de seu mestre e tentou fugir.

Os olhos de Hilde tremeram como um navio pego em uma tempestade.

 ‘Poderia ser… aquele que estava me procurando…?’

— Se você tivesse feito obedientemente o que lhe foi dito, esse seu ombro frágil não teria uma flecha cravada nele, teria?

Seu rosto empalideceu instantaneamente quando ela entendeu o significado das palavras dele.

— Surpresa?

O homem riu friamente, brandindo casualmente o arco e a flecha que estavam escondidos atrás de suas costas.

— Eu tenho uma compulsão por caçar qualquer coisa que fuja de mim.

— !

Ele atirou nela deliberadamente enquanto fugia para a floresta. E então perguntou se precisava de ajuda. Enquanto brincava com a empena da flecha alojada em seu ombro.

Hilde olhou para ele, incrédula, para seu rosto tão calmo, como se ele estivesse apenas exercendo um privilégio legítimo.

— Escrava, — o homem chamou, seus dedos roçando levemente a empena da flecha no ar. — Eu não gosto quando meus pertences se comportam mal. 

Sua voz era gentil, mas desprovida de calor, gelando-a até os ossos.

— Então você deve suportar. Você não concorda?

Suportar o quê…? Antes que Hilde pudesse sequer formular a pergunta em sua mente, a mão do homem agarrou a flecha perto de seu ferimento.

E então ele arrancou.

Aagh! Uma dor agonizante, além de qualquer descrição, tomou conta dela. Segurando seu ombro, Hilde se contorceu, sua mente ficando em branco. Era como se ele estivesse enfiando uma faca em sua omoplata, torcendo-a. A dor era excruciante…

Seu grito parou abruptamente e seu corpo ficou mole.

— …

Benedict a segurou quando ela desmaiou.

— Você não consegue nem aguentar isso?

Uma quantidade alarmante de sangue jorrou, manchando seu ombro pálido e peito de vermelho, mas ele não vacilou.

— Mas não se preocupe, — Benedict murmurou, pressionando um lenço no ferimento para estancar o sangramento. — Eu não vou te matar. Já que você implorou.

***

A dor de cabeça começou abruptamente, assim que ele ouviu que a mulher tinha escapado. E aquela dor de cabeça era diferente de tudo que Benedict já tinha experimentado. Uma dor tão intensa que preferiu que seu cérebro fosse arrancado.

Seus olhos, injetados de sangue, vasculharam a floresta. Ele aguçou todos os seus sentidos, captando as pegadas dela, o leve cheiro pairando no ar, até mesmo o menor indício de sua respiração.

Continua…

Tradução Elisa Erzet

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