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Sua fuga durou pouco.

— Pare!

O grito do guarda a estimulou.

 ‘Se eles me pegarem, acabou.’

O pensamento a consumiu.

Enquanto caminhava pela vegetação rasteira, percebeu que os gritos do guarda tinham sumido.

— Ele desistiu?

Ela parou, recuperando o fôlego, e olhou ao redor. O crepúsculo havia se aprofundado na escuridão, engolindo a floresta inteira. O uivo distante de um animal lhe causou um arrepio na espinha. Um vento gelado varreu as árvores. O aviso do guarda sobre bestas vorazes ecoou em seus ouvidos.

— Vai ficar tudo bem.

— Se eu conseguir ficar escondida até o amanhecer, evitar os animais, então poderei escapar…

A esperança brilhou dentro dela.

Aagh! Uma dor lancinante percorreu seu ombro esquerdo, fazendo-a cair para frente.

Ugh… Hilde arfou, virando a cabeça. Ela recuou horrorizada.

‘Quem… quem atirou em mim?’ 

Não havia como confundir a flecha cravada em seu ombro, uma declaração clara de que era agora a presa. Suas penas tremeram com o tremor dela.

‘Eu tenho que… me esconder…’ 

Apesar da dor agonizante e do terror do desconhecido, seu instinto de sobrevivência entrou em ação. Ela rastejou desesperadamente, buscando abrigo, cada movimento enviando novas ondas de agonia através de seu ombro. Quando chegou ao abrigo de um grande tronco de árvore, seu lábio mordido estava sangrando, e suas costas estavam encharcadas de suor frio.

— Ha… ha…

‘Aqueles soldados estavam me perseguindo? Ou era um caçador? Mas a essa hora da noite?’ 

Encolhida na escuridão, ela juntou as mãos.

‘Por favor…’

Uma prece desesperada, seu único recurso em sua impotência.

‘Ajude-me…’

Então… o estalar de folhas secas e galhos sob os pés a deixou sem fôlego. Congelada de terror, ela estava tão indefesa quanto um coelho preso em uma armadilha. Ela só conseguia tremer, esperando o inevitável.

— Ah.

Uma voz masculina familiar, misturada com uma estranha diversão lânguida.

— Encontrei você.

Sua prece não foi atendida.

* * *

Envolto na escuridão, o homem parecia o próprio deus da morte. Ele se aproximou com uma graça sem pressa, sua forma lançando uma sombra imponente sobre ela. Seus intensos olhos dourados brilharam como os de um predador. Hilde ficou cativada por seu tom intenso. Era apenas sua imaginação ou já tinha visto aqueles olhos antes? A silhueta do homem também parecia familiar.

— Parece que você foi atingida. Precisa de ajuda?

Sua voz, baixa e ressonante, tocou um acorde de memória. Uma voz que lhe causou sensações e fez arrepios percorrerem sua espinha.

Hilde só conseguia abrir os lábios, incapaz de falar.

— Eu te fiz uma pergunta.

Aagh! O dedo indicador do homem roçou descuidadamente na empena da flecha alojada em seu ombro, enviando uma sacudida de dor excruciante através dela. Um grito escapou de seus lábios.

— P-por favor, não me mate.

O apelo saiu sem ser solicitado. Não apenas as mortes que ela havia testemunhado a assombravam, mas a dor também se recusava a se tornar familiar, não importava quantas vezes ela a suportasse.

— Eu nunca disse que te mataria.

Hilde apertou os lábios, determinada a não gritar, para evitar irritá-lo. O gosto metálico de sangue encheu sua boca enquanto ela mordia o lábio machucado.

— Você parece estar enganada. Deixe-me esclarecer.

Sua tentativa de estoicismo foi um erro de cálculo.

— Você só precisa me responder adequadamente. Minha paciência é limitada.

Hilde percebeu que a ameaça dele era genuína. E que suas próximas palavras selariam seu destino.

Continua….

Tradução Elisa Erzet

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