Eu nunca quis ter um filho dele - Capítulo 14
A bela mulher que enfrentou sua espada e permaneceu até o fim. Ou melhor, a mulher que não fugiu da espada do Duque Heinrich, que protegia Adrian. As memórias daquele dia eram tão vívidas que ele teve vontade de quebrá-la novamente. Se não é uma rosa para ser esmagada em sua mão, ele poderia usar as mãos de outra pessoa para isso.
— Não é verdade, Senhora. Heinrich?
— … Sim, está certo.
As rosas-vermelhas que cresciam na propriedade da família Loren ostentavam um tom excepcionalmente vívido.
No entanto, o que realmente as tornavam famosas era sua peculiar cor que nunca desbotavam, mesmo quando murchavam e caíam no chão. Além disso, exalavam uma fragrância rica e duradoura, o que as tornava extremamente populares entre as mulheres.
Eram tão desejadas que houve até quem tentasse roubá-las quando a Casa Loren se recusou a vendê-las. Diz a lenda que uma proposta feita com uma rosa de Loren nunca era rejeitada.
— Mas agora que vejo, começo a pensar se as tão valiosas rosas de Loren não são, na verdade, tão valiosas assim.
Ela não queria mais ouvir as palavras cada vez mais explícitas de Adrian. Uma atmosfera desconfortável começou a tomar conta do salão de baile. No entanto, os nobres presentes, com olhares curiosos, recuaram e observaram a situação à distância.
Era um tipo que a deixava incapaz de suportar e fugir daquele lugar.
— Vossa Majestade.
Mas suas esperanças desapareceram quando uma voz grave chamou o rei.
Adrian curvou os lábios num sorriso antes de recostar-se na cadeira, perdendo aparentemente o interesse
— Fale.
Mikhail o encarava com uma expressão severa. Uma tensão indescritível pairava no ar, e todos prenderam a respiração.
Será que ele pretendia demonstrar desagrado ao rei, que zombara de sua esposa e a humilhara?
Ao contrário dos outros, Emília não tinha nenhuma expectativa de ser tratada como “casal”, já que não havia sentimento algum capaz de descrever a relação entre eles.
— Fui eu quem fez o papel na cama, então deixe isso de lado e de início a festa.
Esse único comentário silenciou Adrian, que vinha despejando palavras vis.
Por outro lado, o rosto de Emília empalideceu, incapaz de ficar mais vermelho após suas observações.
‘Mikhail von Heinrich. Seu desgraçado!’
🌸🌸🌸
Uma memória horrível estava gravada em sua mente. Ela jamais esqueceria o baile que acontecera hoje.
Mikhail, saboreando seu vinho, não saiu do lado de Emília, protegendo-a dos olhares alheios.
— Se tem algo a dizer, vai em frente.
Emilia finalmente falou, incapaz de suportar por mais tempo.
Ignorando os nobres tagarelas que esperavam para se aproximar dele, Mikhail permaneceu ao seu lado, sem dúvida porque tinha algo a dizer.
— Ficar aqui miseravelmente te faz se sentir melhor?
— … Você esqueceu quem fez as coisas chegarem a esse ponto?
— Por que não pergunta isso a si mesma?
Diante disso, Emilia o encarou furiosamente. Sua altura era desnecessariamente alta, e seu pescoço doía só de olhar para cima.
Talvez fosse a iluminação do lustre, ou o vinho que havia bebido, mas mesmo olhando para cima, não havia indício de humilhação em sua expressão.
As linhas de seu rosto anguloso destacavam seus traços distintos, e as íris vermelhas que brilhavam sob a luz eram tão belas quanto rubis.
Relutantemente, mesmo nessa situação, sua aparência era verdadeiramente impressionante. Por isso, as damas no salão deviam estar babando ao vê-lo.
Ela franziu o cenho, lembrando dos comentários sobre “cavalheirismos” e afins.
— Suponho que não fará diferença se eu deixar o salão primeiro. Provavelmente todos ficariam mais à vontade se eu não estivesse aqui…
Ele, que parecia não se importar, de repente agarrou seu pulso.
— Isso seria problemático. Se você sair daqui, a sombra do rei a seguirá.
— Por que a sombra do rei me seguiria?
— Talvez para garantir que eu esteja cumprindo minha promessa.
— Promessa?
Seus olhos verdes tremeram com uma sensação de inquietação.
Ele não respondeu, apenas lhe entregou uma taça de vinho da mesa.
— Beba. Seria melhor ficar bêbada hoje.
— … Você envenenou isso ou algo assim?
— Não tenho intenção de dar doces presentes a alguém que provavelmente deseja a morte mais do que qualquer outra coisa.
Emília pegou a taça e a esvaziou. Não era de beber, mas hoje, só queria se embriagar e cair em sono profundo.
No entanto, ainda não conseguia se livrar da preocupação com o que ele havia dito.
“Seria melhor ficar bêbada hoje.” Do que, afinal, ele estava falando?
Não parecia algo que a levaria a uma morte tranquila. Não conseguia compreender o que ele realmente queria.
Continua…
Tradução Elisa Erzet