Amor com sabor de hortelã - Capítulo 04
Eu deveria ter escolhido badmínton.
— Dois homens, o que vão fazer? Já é tarde para desistir…
— …
O professor estava provocando, esperando que ambos dissessem: “Vamos ficar no mesmo grupo.” Ki Yeonghan não conseguia esconder sua expressão congelada, fechando os olhos com força e abaixando a cabeça. Se não fosse pela palavra “encontro”, ele teria lidado bem. Até um trabalho em grupo onde ele fizesse tudo sozinho seria melhor.
Uma voz veio de trás.
— Por mim, tudo bem.
‘Claro que sim.’ Ki Yeonghan sentiu uma onda de frustração com a resposta calma. Se ele não tivesse recusado a oferta do rapaz para formar dupla na última vez, isso não seria tão humilhante. Sua boca seca se contraiu. Isso é um castigo. Por viver tão irresponsavelmente. Assim ele estava preso nessa situação, forçado a ter um “encontro” com um homem. Ele soltou um suspiro frustrado.
Quando olhou para cima, o professor os observava com uma expressão divertida. O sorriso forçado de Ki Yeonghan tremia. A expressão fingida mal parecia um sorriso. Não havia escolha. Ele era alguém que raramente sorria.
— Eu…
— …
— … Também estou de acordo.
Engoliu o sorriso amargo.
Mugunghwa Hall. Um auditório grande que acomodava 100 alunos, mas todos os olhos estavam em Ki Yeonghan e Yoon Yejun. Após duas horas de aula, o tempo restante era para escrever um plano de encontro, conforme instrução do professor. Os dois ficaram em silêncio.
Ki Yeonghan girava a caneta na mão. Apesar do movimento casual, estava ansioso. Finalmente, apertou a caneta com força.
— Vamos resolver isso.
Ele falou primeiro.
— Número de matrícula e departamento, por favor.
Yoon Yejun abriu finalmente a boca, que até então permanecia fechada. Seu número de matrícula era de dois anos à frente de Ki Yeonghan, mas ambos estavam no terceiro ano. Seu curso era Mídia e Comunicação. Como ambos pertenciam ao Instituto de Ciências Sociais, provavelmente já tinham se cruzado antes, mas era surpreendente que só tivessem se conhecido no inverno passado. Afinal, Yoon Yejun tinha um rosto que chamava atenção, não tinha?
Yoon olhava para baixo em silêncio. Ki Yeonghan, anotando as informações que ele fornecia, lançou um olhar furtivo. Detestava admitir isso sobre outro homem, mas o perfil dele era bonito. Seus cílios longos curvavam-se levemente para cima. Seus lábios eram carnudos, seu nariz tinha uma ponte moderadamente alta, e a ponta arredondada. Yoon Yejun, que estava encarando a mesa, levantou a cabeça. Seus olhares se encontraram, e Ki Yeonghan instintivamente desviou.
Na escola, quando repreendido por pais ou professores, Ki Yeonghan argumentava que, se não gostassem do jeito que olhava, o que poderia fazer com o rosto que nasceu? Então, desviar agora feriu seu orgulho.
— Tenho uma pergunta.
A voz de Yoon Yejun não era muito grave nem aguda. Tinha um tom calmo. Ki Yeonghan, que apoiava o queixo e brincava com a caneta, levantou apenas os olhos.
— Você não disse que ia trancar essa matéria?
— Sim.
— Então por que está aqui?
— Porque eu quis.
Seu orgulho estava ferido. Yoon Yejun levantou o canto da boca silenciosamente e disse: “Ah…” As sobrancelhas de Ki Yeonghan se franziram levemente. O tom de Yoon parecia suave, sua resposta sem emoção, mas o jeito que um lado da boca se inclinava parecia um sorriso de deboche. Embora tenha rapidamente coberto os lábios com o punho, como se escondesse a expressão, Ki Yeonghan viu claramente.
Yoon Yejun pegou a folha do plano de encontro, uma por grupo, distribuída pelo professor, e perguntou:
— Já que só precisamos nos encontrar uma vez por semana, que tal depois dessa aula?
— Tenho aula da minha graduação. Só tenho tempo às sextas.
— Tenho um horário livre.
Claro, o apartamento onde ele morava ficava a 10 minutos a pé do campus. Mas como ele pegou essa matéria para manter seu horário livre, não queria sacrificar sua sexta-feira por um trabalho em grupo.
Com uma expressão amigável, Yoon Yejun disse:
— Mas como é um trabalho em grupo, precisamos alinhar nossos horários.
“Por que o professor só mima a mim? Somos todos alunos dele.”
O rosto do inverno passado surgiu na mente de Ki Yeonghan. Era uma expressão penetrante e provocadora. Ele franziu a testa e acenou com a mão, como se dispensasse algo, enquanto perguntava:
— E depois da aula de quinta?
— Tenho um trabalho de meio período, mas se me der seu número, eu te aviso.
Yoon Yejun entregou o celular. Ki Yeonghan digitou o número e devolveu.
Yoon apertou o botão de chamada. O celular de Ki Yeonghan, no modo silencioso, acendeu brevemente e registrou uma chamada perdida. Ele salvou o número: Yoon Yejun. Era só uma conexão temporária para o semestre, mas teriam que se encontrar com frequência, então salvou.
‘Aff, só de pensar já irrita.’
— Bem, não temos mais nada para discutir agora. Só precisamos escrever o que está no plano de aula, certo?
— O quê??
— Não é isso que estamos fazendo agora?
Yoon Yejun falou tranquilamente. Ki Yeonghan respondeu: — Sim, é... — sem entusiasmo.
A maioria das pessoas já teria franzido a testa ou resmungando com o tom dele, mas Yoon Yejun não demonstrou reação. Apenas puxou a folha do plano para si. Isso irritou ainda mais Ki Yeonghan.
— Como vamos escrever os relatórios separadamente, não importa. Eu cuido do plano e entrego.
— …
Você parece o tipo que acharia isso um saco.
Ki Yeonghan levantou lentamente a cabeça, olhando para a folha nas mãos de Yoon.
Cada palavra do rapaz o irritava. Embora ele falasse com uma expressão gentil, mas o que ele disse ecoou de um jeito provocativo. Se ele tivesse apenas dito, “Eu faço”, tudo bem. Mas acrescentar “Você parece o tipo que acharia isso um saco” soou como uma provocação. ‘Quem ele pensa que eu sou?’ Ki Yeonghan estendeu a mão sem hesitar.
— Me dê isso. Eu faço.
Yoon olhou para a mão dele, depois o avaliou de cima a baixo antes de perguntar:
— Por quê?
Ki Yeonghan gesticulou impaciente.
— Só me dá. Eu disse que faço. Você sabe escrever isso? Eu termino até o fim de semana, você só revisa.
— Hã…
Yoon Yejun riu de novo. Era uma risada de incredulidade, mas Ki Yeonghan ignorou. ‘Era isso?’ Olhando ao redor, a sala estava agitada. ‘É assim a faculdade?’ Até um encontro às cegas em grupo tinha limites. Ainda era cedo para chamar de primavera, mas as pessoas cobriam a boca, riam, coravam e coçavam a nuca em frenesi. Os únicos intocados pela estação eram Ki Yeonghan e Yoon Yejun.
Ki Yeonghan cruzou os braços e inclinou a cabeça para trás, encarando o teto. O cheiro abafado de sala fechada pairava no ar. Estou com sede. Preciso trazer café na próxima.
— Yejun, Yeonghan.
Naquele momento, o professor se aproximou e falou com eles. Ki Yeonghan desviou o olhar do teto e encontrou os olhos do professor.
— Não se sintam pressionados. Não é todo semestre, mas acontece. Não dá para equilibrar perfeitamente a proporção de gêneros. Ainda assim, geralmente tudo acaba bem.
— Parece uma experiência única, acho que vai ser bom.
Yoon Yejun respondeu ao professor com uma expressão suave e gentil. Ki Yeonghan ficou pasmo. ‘Ele não percebe que agir tão bonzinho deixa óbvio para todo mundo?’ Mas o professor já estava encantado, conversando animadamente com Yoon Yejun. Ki Yeonghan os observou conversando amigavelmente, suspirou com um “Aff”e virou o rosto. ‘Este semestre vai ser longo.’
🌸🌸🌸🌸
Yoon Yejun. 26 anos, formado no Ensino Médio, serviço militar completo no Exército, terceiro ano em Mídia e Comunicação na Korea University. Média de 3.89/4.5, bons relacionamentos interpessoais, quatro relacionamentos passados. Característica notável: gosta de homens. Tipo ideal: homem com aparência marcante e masculina.
Tipo que detesta: aquele cara.
🌸🌸🌸🌸
O homem que acabou no mesmo grupo na disciplina de Ciências Humanas “Relacionamento e Comunicação” saiu sem nem dar tchau após a aula, desaparecendo abruptamente.
Observando isso, Yoon Yejun soltou um sorriso irônico. Mas logo voltou à sua expressão habitual calma e guardou as coisas. Pegou os materiais impressos do portal da disciplina e a caneta, e saiu da sala. Do lado de fora, encontrou Kim Donghoon, amigo próximo da mesma turma.
— Ei, Yejun.
Donghoon levantou a mão. Yoon também respondeu.
— Você tinha aula aqui?
— Sim, aff, horrível. ‘Entendendo Alfabetização Digital e Informacional’. Minha matrícula foi um desastre.
— Como assim?
Yoon Yejun, com um ar brincalhão, levantou o canto da boca e olhou para Donghoon.
— Seu babaca. Tá se gabando do seu cronograma perfeito?
Yoon Yejun nem tinha dito muito, mas Donghoon já se exaltava.
Não entendia como alguém falhava na matrícula. É só clicar no horário certo, pronto. Como erram? Mas não falou em voz alta.
O que podia fazer?
Yoon Yejun apenas riu e disse:
— Que gabação?
Ignorando casualmente. Nem percebia que seu jeito passava ares de vencedor.
— Vamos fumar?
— Claro.
Os dois seguiram para a área de fumantes em frente ao prédio de Ciências Humanas. Yoon, que alternava entre cigarro comum e eletrônico, pegou o eletrônico. Enquanto pressionava o botão do dispositivo e esperava, seu olhar pousou em um homem fumando enquanto falava ao telefone.
— Você tá louco?… Ei, não grita comigo.
Sério… Eu disse que voltava todo fim de semana ou não? Não sabe falar direito?… Tá maluco? Por que fica me pressionando? Chega. Tenta só trancar a porta então. Ei, ei!
Nossa…
Yoon Yejun se impressionou internamente.
Era o cara do grupo. Expressão espinhosa, fala sempre ríspida. Achava que ele só estava irritado por ser colocado com outro homem, mas parece que falava assim com todo mundo. Não deve ser fácil ter uma personalidade tão ruim Enquanto preenchia o plano de encontro, Yoon resumiu as falas do cara mentalmente:
“Não tô interessado.
Não gosto.
Por que eu faria isso?”
Com um rosto tão bonito, Yoon achou que ele poderia ser do mesmo lado, mas o cara era mais próximo de homofóbico. Ele se lembrou do homem resmungando “nojento” quando o professor disse que não havia problema em formar duplas do mesmo gênero. Sugerir que formassem par tinha sido só uma cutucada. ‘Toma essa. O mesmo gênero que você desprezou quer fazer dupla com você.’
Mas no fim, acabaram juntos mesmo. Nem Yoon esperava isso. Quem diria que todos os outros já tinham feito grupos?
Se fosse possível dar nota pela primeira impressão, aquele cara mal valeria 2 de 10. O rosto até dava uns 7, mas a personalidade arrastava para menos.
A partir de 8 pontos, alguém entrava no radar amoroso de Yoon Yejun — mas por mais que aquele cara tentasse chegar a 8, Yoon passaria longe. 🥰🥰🥰
Continua…
Tradução Elisa Erzet